O reparo da Igreja de São Francisco de Assis, no Pelourinho, em Salvador, deve levar cerca de cinco anos para ser concluído e deve custar mais de R$ 10 milhões. A estimativa foi realizada pelo artista plástico, professor e reparador, José Dirson Argolo, que possui mais de 40 anos de experiência na área.
“Provavelmente, não é só o que caiu que vai precisar ser reparado. O restante de toda estrutura deve estar também comprometido, assim como toda aquela talha dourada e os altares, que há anos estão precisando de uma restauração profunda. […] Ali, precisa haver uma equipe interdisciplinar, com engenheiros, arquitetos e restauradores com muita experiência para tentar recompor com toda a originalidade”, apontou Argolo ao jornal Correio.
A estrutura qeu desabou era feita de madeira, talha e folheada a ouro. O orçamento tem como base a Igreja do Santíssimo Sacramento e Sant’Ana, que durou 11 anos e contou com restauração do telhado e com a instalação de um sobreforro. Argolo lembra, no entanto, que a restauração da Igreja de São Francisco é muito mais complexa e, se fosse feito o trabalho completo, o tempo para conclusão seria maior e o valor aplicado ficaria incalculável.
“Provavelmente, ali tem problema no forro porque, através do teto, deixou-se passar umidade e pingueira. Isso enfraquece a estrutura de madeira e daí vêm os cupins. Por isso, é preciso fazer uma vistoria. No momento que for remontar [o forro], não pode ser só aquele pedaço que caiu. Vai ter que, provavelmente, desmontar o restante e fazer uma nova montagem. Isso vai exigir muitos carpinteiros, entalhadores, restauradores de obras de arte, arquitetos, engenheiros e estruturalistas. Não vai ficar barato”, disse à reportagem.
O restaurador lembrou que fez uma restauração a 15 anos, com modificações nas talhas dos altares laterais da Igreja e não notou irregularidades no forro, mas que a vistoria deve ser feita a cada dois anos, devidos a problemas como infiltração e falhas na fiação elétrica.
“Há condições de entregar tudo com a mesma beleza e originalidade porque tem muita documentação sobre o forro. Agora, tem que recolher todos os fragmentos que estão lá no chão para ver tudo que é possível reaproveitar para poder recompor com o máximo de qualidade”, ressalta José Dirson.