Um retrato alarmante da desigualdade socioeconômica na Bahia foi exposto na edição 2025 do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM). O estudo revelou que 95,4% dos 417 municípios baianos estão classificados como de desenvolvimento baixo ou crítico — uma proporção superior à média nacional de 47,3%.
Conforme a publicação, 90,4% dos municípios baianos apresentam desenvolvimento baixo e 5% estão em situação crítica. Apenas 4,6% das cidades atingiram nível moderado e nenhuma alcançou grau alto de desenvolvimento.
Em números absolutos, o levantamento mostra que 10,4 milhões de baianos (70,5%) vivem em municípios com desenvolvimento considerado crítico ou baixo, o que coloca o estado como o pior do Brasil nesse quesito, superando inclusive Maranhão e Pará. A Firjan destaca: “A Bahia é o estado onde mais pessoas vivem em municípios situados nessas condições de desenvolvimento.”
Apesar do cenário desfavorável, houve evolução no IFDM baiano entre 2013 e 2023: o índice estadual passou de 0,2966 para 0,4920, uma alta de 65,9% (veja abaixo). O principal motor desse avanço foi a área de Educação, com crescimento de 130,9%, seguida por Saúde (+69,2%) e Emprego & Renda (+22,6%).
Apesar dos dados, índices na Bahia melhoraram | Foto: IFDM 2023
Educação melhora, mas segue em níveis preocupantes
O IFDM Educação subiu de 0,2127 para 0,4910 em uma década. Ainda assim, a maioria dos municípios segue em situação crítica ou baixa: 71,2% com desenvolvimento baixo, 16,5% com desenvolvimento crítico, apenas 12,2% alcançaram desenvolvimento moderado e nenhum atingiu grau alto.
Saúde é a melhor área, mas só um município tem grau alto
Na vertente da Saúde, o índice médio saltou de 0,3321 para 0,5620, ficando 6,4% abaixo da média nacional. O município de Maetinga foi o único a atingir grau de desenvolvimento alto nessa área. Mesmo assim: 61,4% dos municípios têm desenvolvimento baixo, 34,1% moderado, 4,3% seguem em grau crítico.
Emprego e renda seguem como grande gargalo
O menor avanço foi registrado em Emprego & Renda, com crescimento de apenas 22,6% no período. A média do estado ficou em 0,4230, com predominância de classificações negativas: 54,9% dos municípios com desenvolvimento crítico, 35% com desenvolvimento baixo, 9,6% moderado e apenas dois municípios (0,5%) com grau alto.
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Os destaques positivos e negativos do ranking
O município de Luís Eduardo Magalhães lidera o ranking estadual de 2023, com IFDM de 0,6865. Salvador aparece em 7º lugar, com nota 0,6442. Outros destaques incluem Mata de São João, Irecê e Brumado. Segundo o estudo: “Luís Eduardo Magalhães foi o único, dentre os dez, a atingir grau de desenvolvimento alto na vertente Emprego & Renda.”
Por outro lado, Pilão Arcado ocupa a última colocação no estado, com IFDM de apenas 0,2986. Cidades como Iramaia, Paratinga e Taperoá também estão entre os piores desempenhos. Um caso emblemático é o de Buritirama, que perdeu 81 posições no ranking estadual, mesmo com crescimento nas três áreas. A Firjan explica: “Embora a cidade tenha evoluído em todas as vertentes, o fato de ter crescido abaixo da média do estado nos dois últimos indicadores fez com que fosse ultrapassada por outros municípios.”
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Detalhamento das cidades da Bahia | Foto: Aratu On | Fonte: IFDM
Quadro exige políticas públicas urgentes
Apesar de avanços pontuais, a análise deixa claro que o desenvolvimento socioeconômico da Bahia ainda é precário. A ausência de municípios com grau alto em qualquer uma das áreas avaliadas demonstra a necessidade urgente de políticas públicas estruturantes.
“Mesmo com evolução generalizada, a média do indicador do estado se situa abaixo da média nacional”, conclui o estudo.